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A história da Victoria's Secret: Como a marca se tornou um símbolo de poder feminino

  • Foto do escritor: Mahyana Nascimento
    Mahyana Nascimento
  • 14 de out. de 2024
  • 9 min de leitura

Atualizado: 12 de jul.

Explore a trajetória envolvente da Victoria's Secret, desde sua fundação visionária até se tornar um ícone global da moda íntima, revolucionando padrões de beleza e enfrentando desafios que moldaram sua identidade ao longo dos anos.


A história da Victoria’s Secret é mais do que uma simples trajetória empresarial — é um verdadeiro espelho das transformações culturais e sociais que redefiniram o conceito de sensualidade feminina nas últimas décadas. Do luxo acessível às passarelas que paravam o mundo, a marca se tornou sinônimo de desejo, glamour e fantasia.


História da Victoria's Secret
Victoria's Secret Fashion Show 2012

Mas por trás das asas, lingeries e holofotes, há uma narrativa marcada por reviravoltas, críticas intensas e um esforço recente para se reconectar com o que realmente importa: as mulheres reais. Neste artigo, vamos mergulhar na ascensão meteórica, nas quedas impactantes e na reinvenção de uma das marcas mais icônicas da moda mundial. Prepare-se para conhecer todos os bastidores dessa história fascinante.


O fundador da Victoria's Secret: Roy Raymond


Fundador da Victoria's Secret Roy Raymond
Roy Raymond

Tudo começou com uma experiência desconfortável. Em 1977, Roy Raymond entrou em uma loja de lingerie para comprar um presente para sua esposa, mas saiu de lá constrangido. O ambiente era frio, pouco acolhedor e pensado apenas para mulheres. Foi ali que surgiu a ideia que mudaria o mercado da moda íntima: criar um espaço elegante e convidativo, onde homens e mulheres pudessem comprar lingerie com naturalidade e prazer. Assim nasceu a Victoria’s Secret.


Por trás dessa ideia inovadora, havia a trajetória de um jovem com espírito empreendedor. Roy nasceu em 15 de abril de 1947, em Connecticut, e aos 13 anos já comandava seu primeiro negócio: convites de casamento em sua cidade natal. Formou-se em administração pela Tufts University e concluiu seu MBA em Stanford, em 1971. Antes da marca que o tornaria conhecido, trabalhou em empresas como Vicks e Guild Wineries, desenvolvendo sua sensibilidade de mercado.


Casado com Gaye Raymond e pai de dois filhos, Roy viu sua marca se tornar um fenômeno. No entanto, sua história teve um fim trágico: em 1993, enfrentando dificuldades pessoais e financeiras, tirou sua própria vida aos 46 anos. Apesar do desfecho triste, seu legado transformou para sempre o universo da lingerie.


Fundação da marca Victoria's Secret


A ideia nasceu de um incômodo real — e de uma visão ousada. Em 12 de junho de 1977, Roy Raymond, ao lado de sua esposa Gaye, inaugurou a primeira loja Victoria’s Secret no Stanford Shopping Center, em Palo Alto, Califórnia. Mais do que vender lingerie, Roy queria transformar a forma como esse produto era visto e comprado. Na época, comprar peças íntimas era constrangedor, especialmente para os homens.


As lojas tradicionais ofereciam ambientes frios e impessoais. Roy, com olhar empreendedor e sensível, criou uma loja com atmosfera elegante e acolhedora, onde qualquer pessoa pudesse comprar lingerie com naturalidade, prazer e confiança. Assim nascia a Victoria’s Secret: uma marca com alma, propósito e um novo olhar sobre a sensualidade.



Significado de Victoria's Secret


O nome "Victoria's Secret" carrega um charme enigmático e uma sofisticação atemporal — exatamente como a marca sempre quis ser percebida. Embora sua origem exata seja envolta em diferentes versões, todas elas apontam para uma mesma essência: elegância, mistério e feminilidade refinada.


Alguns relatos dizem que Roy Raymond se inspirou na Rainha Vitória, símbolo da monarquia britânica e ícone de classe e tradição. Outros acreditam que o nome remete à era vitoriana, marcada por uma estética romântica e imponente, que Roy buscou traduzir na arquitetura e ambientação das primeiras lojas.


E o “segredo”? Esse detalhe sutil no nome sugeria um toque de sensualidade discreta, quase sussurrada — um convite ao imaginário, ao desejo e à descoberta da beleza íntima de cada mulher. Assim, "Victoria's Secret" nasceu com uma promessa: revelar o poder por trás da delicadeza.


Crescimento e expansão


Nos primeiros anos, a Victoria’s Secret conquistou o público com sua proposta inovadora e sofisticada. O sucesso foi tão imediato que Roy e Gaye Raymond rapidamente expandiram o negócio com novas lojas físicas e um catálogo de vendas que se tornou icônico. No entanto, apesar da visão original, Roy enfrentou dificuldades em acompanhar as transformações do mercado e viu seus projetos paralelos não prosperarem. Diante da necessidade de uma gestão mais robusta e capital para crescer, decidiu vender a marca.


Victorias-Secret-Revista-Gisele-Bündchen
Revista Victoria's Secret 2003 Gisele Bündchen

Em 1982, a Victoria’s Secret foi adquirida por Leslie Wexner, fundador da L Brands, por cerca de 1 milhão de dólares. Wexner enxergou o que poucos viam: um potencial extraordinário para transformar aquela marca elegante em um verdadeiro império da moda íntima. E foi exatamente o que ele fez.


Sob sua liderança, a marca se reinventou com campanhas ousadas, sensualidade refinada e um posicionamento global impactante. Na década de 1990, a Victoria’s Secret já era sinônimo de desejo, luxo e feminilidade poderosa. Suas coleções dominaram vitrines ao redor do mundo, enquanto os desfiles se tornavam eventos aguardados com entusiasmo e glamour.


Victoria's Secret Leslie Wexner
Leslie Wexner

A expansão não parou por aí. Em 1991, a marca lançou sua própria linha de fragrâncias — um sucesso imediato — e, com o tempo, incorporou roupas de banho, acessórios e cosméticos. Cada novo produto reforçava o universo aspiracional da Victoria’s Secret, capturando a imaginação de milhões de mulheres que buscavam se sentir confiantes, elegantes e irresistíveis em sua própria pele.


Victoria's Secret linha de cosméticos
Linha de cosméticos da Victoria's Secret

Transformação em marca global


O verdadeiro salto da Victoria’s Secret para o estrelato global aconteceu em 1995, com a estreia do icônico Victoria's Secret Fashion Show, em Nova York. Mais do que um simples desfile, o evento tornou-se um espetáculo anual que combinava moda, música e entretenimento — um verdadeiro show que encantava o público e celebrava a sensualidade com sofisticação. A cada nova edição, milhões de pessoas ao redor do mundo paravam para assistir às modelos mais deslumbrantes da indústria cruzarem a passarela com looks elaborados, encarnando a fantasia da marca.


Foi nesse contexto que surgiram dois dos maiores símbolos da Victoria’s Secret: as lendárias Angels, com suas asas grandiosas e presença magnética, e o cobiçado Fantasy Bra, uma obra de arte em forma de lingerie, cravejada de pedras preciosas. Esses elementos elevaram o desfile a um patamar de luxo e desejo jamais visto no segmento.


Victoria's Secret Fashion Show 2016
Victoria's Secret Fashion Show 2016

O sucesso foi estrondoso. Em 2015, a Victoria’s Secret detinha impressionantes 40% do mercado de lingerie dos Estados Unidos e registrava cerca de 7,7 bilhões de dólares em vendas anuais. A marca havia se tornado não apenas referência em moda íntima, mas também um fenômeno cultural, moldando padrões, tendências e o imaginário feminino ao redor do mundo.


Tradição do Fantasy Bra


Em 1996, a Victoria’s Secret selou seu lugar definitivo no imaginário do luxo e da fantasia com a criação do lendário Fantasy Bra — uma lingerie exuberante, confeccionada artesanalmente com diamantes, rubis, esmeraldas e outras gemas preciosas. Mais do que uma peça, o Fantasy Bra é um símbolo do ápice da sofisticação, da ousadia criativa e do glamour inatingível que a marca passou a representar.


Candice Swanepoel Victoria's Secret Fashion Show 2013
Candice Swanepoel com Fantasy Bra no VSFS 2013

A cada edição, uma Angel é escolhida para viver esse momento mágico na passarela — uma verdadeira coroação dentro do universo Victoria’s Secret. Supermodelos lendárias como Gisele Bündchen, Adriana Lima, Alessandra Ambrósio e Heidi Klum eternizaram essa tradição, desfilando com o brilho de verdadeiras joias sobre a pele. A aparição do Fantasy Bra rapidamente se tornou o momento mais aguardado do desfile, capaz de hipnotizar o público e gerar manchetes no mundo inteiro. Uma peça que vai muito além da moda íntima — é pura fantasia lapidada em pedras preciosas.


As Angels da Victoria's Secret


Introduzidas em 1997, as Angels se tornaram o verdadeiro símbolo da Victoria’s Secret — mais do que modelos, elas eram as embaixadoras do sonho, da confiança, do luxo e da sensualidade sofisticada. Com suas icônicas asas exuberantes, essas supermodelos transformaram o Victoria’s Secret Fashion Show em um espetáculo mágico, quase etéreo, onde moda e fantasia se encontravam em plena harmonia.


Nesse mesmo ano, Tyra Banks fez história ao se tornar a primeira modelo negra a assinar contrato com a marca. Seu impacto foi imenso: além de brilhar nas passarelas, ela estampou campanhas inesquecíveis e abriu portas para uma representatividade mais real e poderosa na indústria da moda. Tyra inspirou uma nova geração de modelos e reforçou que elegância e beleza existem em todas as cores.


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Angels no Victoria's Secret Fashion Show 2010

Ao longo das décadas, nomes como Heidi Klum, Gisele Bündchen, Adriana Lima, Alessandra Ambrósio, Candice Swanepoel, Gigi Hadid, Barbara Palvin, Ashley Graham e Isabeli Fontana marcaram época como Angels. Cada uma delas trouxe seu estilo único, consolidando a imagem da Victoria’s Secret como uma marca que dita tendências e celebra a feminilidade em todas as suas formas.


Críticas e controvérsias


Durante anos, a Victoria’s Secret foi vista como sinônimo de glamour, sensualidade e padrão de beleza “perfeito”. No entanto, essa imagem também foi alvo de duras críticas. A primeira controvérsia pública ocorreu em 2002, durante o Victoria’s Secret Fashion Show em Nova York.


Quatro ativistas dos direitos dos animais invadiram a passarela segurando cartazes enquanto a modelo brasileira Gisele Bündchen, então com 22 anos, desfilava para a marca. O protesto, amplamente divulgado na mídia, trouxe à tona questões éticas relacionadas ao uso de peles e ao posicionamento ambiental da empresa.


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Victoria's Secret Fashion Show 2002 - Gisele Bündchen

Nos anos seguintes, as críticas se intensificaram em torno da falta de representatividade. Por muito tempo, a marca foi acusada de promover padrões irreais de beleza: corpos extremamente magros, jovens e predominantemente brancos. A ausência de modelos com corpos diversos, de diferentes etnias e identidades de gênero passou a ser vista como um retrato de exclusão, incompatível com os tempos modernos.


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Leslie Wexner e Ed-Razek

Em 2018, o então diretor de marketing Ed Razek fez declarações polêmicas ao afirmar que modelos transgênero e plus size não deveriam participar do desfile, pois “não faziam parte do fantasy” da marca. A fala causou revolta nas redes sociais e entre profissionais da moda, evidenciando a desconexão da marca com a nova geração de consumidores.


Em 2007, Muise relatou que rejeitou repetidamente as investidas de Razek e, como resultado, não foi escalada para o desfile do ano seguinte. Durante uma prova de roupa em 2018, Razek fez comentários inapropriados sobre os seios de Hadid e sugeriu que ela não usasse calcinha. Essas e várias outras alegações destacam um padrão de comportamento que contribuiu para a cultura tóxica dentro da empresa.


Escândalos e queda de reputação


Em 2018, a Victoria's Secret mergulhou em uma crise institucional. O então diretor de marketing Ed Razek causou indignação ao afirmar que modelos trans e plus size não deveriam participar dos desfiles, pois “não faziam parte do fantasy” da marca. As críticas à exclusão rapidamente se somaram a acusações de assédio feitas por modelos, que denunciaram comentários inapropriados e comportamentos invasivos durante provas de roupa.


A modelo Andi Muise revelou ter sido afastada do desfile de 2008 após recusar investidas de Razek, e Gigi Hadid foi alvo de comentários constrangedores durante uma prova em 2018. Esses relatos revelaram uma cultura corporativa tóxica que até então permanecia nos bastidores.


A situação se agravou em 2019, quando o fundador da L Brands, Leslie Wexner, foi associado ao criminoso sexual Jeffrey Epstein, abalando profundamente a imagem da empresa. No ano seguinte, em fevereiro de 2020, a marca anunciou o fechamento de diversas lojas e iniciou uma ampla reestruturação.


Em 2021, a Victoria's Secret foi vendida majoritariamente à Sycamore Partners, e em 2022, um documentário revelador reacendeu as discussões sobre os abusos e a falta de responsabilidade interna, pressionando a marca por mudanças reais e duradouras.



O polêmico documentário: Victoria's Secret - Angels and Demons


Victoria's-Secret-Angels-and-Demons-Hulu-documentário

Em 2022, a Hulu lançou o documentário Victoria's Secret: Angels and Demons, dirigido por Matt Tyrnauer. Dividido em três partes, ele expôs os bastidores da marca e sua ligação com o financista Jeffrey Epstein, acusado de tráfico sexual.


A série destacou a relação próxima entre Epstein e Leslie Wexner, então CEO da L Brands, revelando que Epstein tinha acesso às finanças de Wexner e ao círculo de modelos da marca. As revelações causaram indignação pública e aprofundaram a crise de reputação da Victoria’s Secret.


Outros problemas revelados


O documentário também trouxe à tona uma série de questões que contribuíram para a queda da imagem da Victoria’s Secret:


  • Padrões irreais de beleza: Modelos relataram a pressão constante por um corpo extremamente magro, o que alimentava padrões estéticos inatingíveis e prejudiciais à autoestima feminina.

  • Ambiente tóxico e misógino: Ex-funcionárias denunciaram uma cultura interna marcada por misoginia, assédio e comportamentos abusivos por parte de altos executivos, refletindo um ambiente corporativo longe do glamour que era exibido nas passarelas.

  • Crise de identidade: O afastamento do público, especialmente após os comentários excludentes de Ed Razek, revelou uma marca que havia perdido o contato com as mulheres reais — e, com isso, sua relevância no mercado.


O fim de uma era e uma nova direção


Em 2019, a Victoria’s Secret anunciou o fim de seu icônico desfile de moda, após uma queda nas vendas e a crescente cobrança por mais representatividade e autenticidade na indústria. Desde então, a marca busca se reinventar, apostando em campanhas que celebram a diversidade, a beleza real e a individualidade, aproximando-se de um público mais consciente.


Com novas direções e mudanças internas, a Victoria’s Secret iniciou seu renascimento — e o retorno do Fashion Show em 2024 marcou esse novo capítulo. Quer saber como foi esse espetáculo? Veja Victoria's Secret Fashion Show em 2024 e descubra os bastidores!


Victorias-Secret-Fashion-Show-2024
Victoria's Secret Fashion Show 15 de outubro de 2024

A evolução e o legado da Victoria's Secret


De símbolo máximo do glamour a um novo caminho de inclusão e autenticidade, a Victoria’s Secret segue em constante transformação. Entre altos e baixos, permanece como um ícone resiliente da moda íntima — agora com a missão de refletir a beleza real e plural. O futuro ainda é um mistério, mas o legado da marca já está eternizado.


Escrever sobre a Victoria’s Secret foi intenso e reflexivo. Nem tudo foi fácil de encontrar, e algumas polêmicas realmente me tocaram como mulher. Espero que o artigo te faça pensar também. Comente e compartilhe!

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Mahyana Nascimento


Blog de Moda e Beleza | Consultoria de Imagem
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